sexta-feira, outubro 31, 2008

Cerco do Porto - Parte II

CERCO DO PORTO – PARTE II
A concentração teve lugar junto às piscinas do Fluvial, onde a pouco e pouco foram chegando os aderentes a esta realização do GPM.
Após as formalidades do secretariado, deslocamo-nos para as proximidades do Mosteiro de S. Francisco onde foi introduzido o contexto histórico para o percurso que iríamos desfrutar.
Trata-se da segunda parte do projecto iniciado em 2007, seguindo desta vez a linha de defesa Liberal Sul, situada na margem direita do rio Douro. Esta linha do lado Sul da cidade, tinha a vantagem de ter o rio Douro como defesa natural bem como a orografia do terreno, escarpado em quase toda a margem direita.
Deslocamo-nos então pela marginal, admirando a sequência das belas pontes sobre o Douro. O percurso propriamente dito, iniciou-se na Bateria da China, junto à Quinta com o mesmo nome. Esta era a primeira de 22 Baterias que, juntamente com um quartel da marinha, constituíam a linha de defesa liberal Sul.
Seguimos ao longo da linha ferroviária, agora desactivada, que ligava Campanhã à Alfândega, um belo trecho do percurso que propicia a contemplação do rio, e panorâmicas insólitas das pontes de S. João (junto à qual se situava a Bateria do Seminário), a de D. Maria, a do Infante (após a passagem através dum túnel ferroviário), e, mais adiante, a de D. Luís.
Subimos depois uma acentuada escadaria, que nos levou ao Passeio das Fontaínhas, onde, junto a uma amurada, nos detivemos a contemplar o Convento da Serra do Pilar. Constituiu, naqueles tempos conturbados da história da Invicta, um importante bastião de defesa Liberal, de grande valor estratégico, sob o comando do Brigadeiro Silva Torres.
Atravessamos depois as Muralhas Fernandinas, o que resta da cintura medieval de muralhas do Porto poupada à demolição. Aqui se situou a Bateria do Postigo do Sol.
Junto à Sé Catedral, descemos as estreitas e típicas ruelas da freguesia da Sé e S. Nicolau.
Após o almoço subimos as Escadas da Vitória (antigas escadas da Esnoga) e no largo onde se situaram as peças de artilharia da Bateria da Vitória, o grupo perfilou-se para a inevitável fotografia.
Atravessando o jardim do Passeio das Virtudes (Bateria das Virtudes e Bateria da Quinta das Virtudes), deitamos um breve olhar à emblemática Torre dos Clérigos, e dirigimo-nos à rua de Cedofeita percorrendo-a na totalidade. Esta passagem pela rua de Cedofeita constituiu um desvio do percurso ao longo da linha de defesa Liberal Sul, apenas com o objectivo de observar aquele que foi o edifício onde se localizou o 2º Quartel General de D. Pedro IV durante grande parte do Cerco. Trata-se do nº 395 , um prédio que, apesar da sua importância histórica, não tem qualquer placa que o relacione com os acontecimentos daquela época.
Retomando a linha de defesa Liberal, detivemo-nos frente ao Palácio dos Carrancas, um edifício de estilo neoclássico, construído em 1795 e quase sempre ocupado por gente ilustre, como o Marechal Soult (1809) e D. Pedro IV, no princípio do cerco (antes de se mudar para Cedofeita). Aqui está instalado o Museu Nacional de Soares dos Reis.
Entramos nos jardins do Palácio de Cristal, onde esteve instalada a Bateria da Torre da Marca, perto da capela do rei Carlos Alberto e prosseguimos depois pelas freguesias de Massarelos (baterias do Cónego Teixeira, do Cemitério, do Bicalho), e de Lordelo do Ouro (bateria da Arrábida ).
O percurso teve o seu final no local da bateria que se situava no largo da capela de Santa Catarina, de onde se contemplou a Foz do Douro já sob o lusco-fusco do anoitecer.
Texto: Manuel Augusto