quinta-feira, maio 24, 2007

Mosteiro de S.Martinho de Tibães


Percurso na Cerca e Couto do Mosteiro de S.Martinho de Tibães


Aconteceu no passado dia 14 de Abril 2007 mais uma actividade do GPM – Grupo Portuense de Montanhismo. Tendo como ambiente o Mosteiro de S.Martinho de Tibães e toda a sua área envolvente, esta actividade tinha programada uma visita guiada ao Mosteiro e um percurso pedestre pela sua Cerca e pelo Couto.

Concluídas as rotinas do secretariado, iniciou-se o percurso pela Cerca. Para além de um espaço de meditação, de trabalho intelectual e de lazer, a Cerca era o espaço que fornecia a fruta, os legumes, a caça, a lenha, a madeira para as construções; era também lugar de experimentação de novas técnicas e culturas.

Ao construírem os socalcos do pomar, as leiras da horta, as ramadas, as uveiras, as minas, os aquedutos, fontes, os muros e caminhos de buxo, os monges beneditinos adaptaram a natureza às necessidades do seu quotidiano. Percorrendo a mata frondosa de pinhal e eucaliptal e de grande variedade de arbustos o grupo deliciou-se com a frescura do local.


O Lago, construído entre 1795-98 "por não haverem águas suficientes para o engenho de serra trabalhar", tem a forma elíptica característica do barroco final. Alimentado pelas águas de cinco minas este potencial energético fazia funcionar além do engenho de serrar madeira, três moinhos e um engenho de azeite.
Especial encanto teve a subida da chamada “rua das fontes”, o escadório de lanços interceptados por patamares decorados e servidos por fontes, agora secas, ornadas de flores e arbustos e que sobe até ao Jardim e Capelinha de S. Bento, setecentista.



Seguiu-se a visita ao Mosteiro. Deslumbrante! Iniciámos pela Cavalariça onde eram recolhidos os animais recebidos como uma das formas de pagamento pelo arrendamento das terras do Mosteiro, subindo depois à Sala do Recibo, construída em finais do sec. XVII e destinada ao armazenamento dos produtos agrícolas também provenientes das rendas impostas sobre as mesmas terras.


Estas rendas, cobradas na sua maior parte em géneros, eram anotadas pelo Padre Recebedor nos Livros do Recibo no qual “se escreverá toda a renda que a casa tiver de pão, vinho, marrãs, carneiros, galinhas, e o que cada um paga de renda, e quem o traz ao presente, e se é primeira, ou segunda, ou terceira vida”


Não ficámos indiferentes à beleza da Igreja de S. Martinho, construída entre 1628 e 1651, esplendorosamente ornamentada e com esculturas guarnecidas e envolvidas por magnífica talha rococó, “uma das grandes obras-primas da arte portuguesa”.




É ao extraordinário arquitecto e escultor André Soares, iniciador do barroco-rococó bracarense, que se devem os desenhos dos mais valiosos trechos da talha de Tibães: o retábulo da capela-mor e os das colaterais, de sanefas assimétricas, e os púlpitos. O monge tesoureiro de Tibães apontou nos livros, em 1757, ter pago seis presuntos que enviou a André Soares “em agradecimento dos riscos que faz”.


No coro alto admiramos o magnífico cadeiral em forma de U, o oratório do Cristo Crucificado de Frei José de Santo António Vilaça e o órgão do mestre organeiro Francisco António Solha.


Prosseguindo a visita ao Mosteiro, contemplamos a sala do Capítulo, considerado um dos espaços mais nobres e belos do Mosteiro com os seus painéis de azulejos e numerosos retratos pintados de beneditinos e dos reis D. Sebastião, cardeal D. Henrique e Filipe II de Espanha.



Após a inesquecível visita ao Mosteiro, e depois de reconfortarmos o estômago com uma ligeira refeição, demos início à segunda parte da caminhada, desta vez através do Couto, uma concessão feita ao Mosteiro por D. Henrique e D. Teresa no ano de 1110.


À medida que caminhávamos, em direcção ao rio Cávado ficávamos com a percepção da vastidão do Couto, que servia a comunidade beneditina. Junto ao rio foi possível observar os pesqueiros, locais estratégicos para apanha do peixe, parte importante da alimentação dos monges.



Regressámos depois ao Mosteiro onde terminou mais esta salutar actividade do GPM.

Texto : Manuel Augusto
Fotos : Jorge Ribeiro

2 Comments:

At 21:26:00, Anonymous Anónimo said...

A visita ao Mosteiro de S. Martinho de Tibães em que marquei presença, foi muito interessante, pelo facto dos comentários do incansável Jorge Ribeiro, terem uma linguagem facil e sucinta criando dessa forma uma atmosfera nostalgica que envolveu todos os participantes.

um abraço pelo facto e... continue

José Manuel

 
At 20:03:00, Anonymous Eduardo Santos Carneiro said...

Muito interessante este post sobre Tibães e o seu mosteiro.
Parabéns.
Eduardo Santos Carneiro

 

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